Nascimento

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segunda-feira, 22 de março de 2010

Itinerario: Caminhos de um Processo Nostalgico.



Itinerário é uma investigação do estado de solidão do homem. Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Partindo dessas interrogações dois anjos visitam a terra para espiar a situação humana... Não suportando a fragmentação do homem, seu isolamento, seu consumismo que o leva cada vez mais para relações distanciadas e frias... Voltam para seus planos com a certeza que os homens na terra não estão vivendo, mas apenas sobrevivendo.

Estamos todos felizes pela boa recepção do nosso segundo experimento cênico!

domingo, 21 de março de 2010

27 de MARÇO DIA MUNDIAL DO TEATRO E CIRCO!


Pelo Dia Mundial do Teatro... Que se aproxima!

O MANIFESTO DO TEATRO QUE É
por João Bosco Amaral

Teatro Subterrâneo

Uma nova expressão que impressiona, pressiona nossas angústias, vontades. O ser não é mais uma simples existência. Donos do destino da vida irreal, surreal, absurda... Criadores de nós mesmos. Eu me crio, recrio, retorço, exprimo, espremo até a última gota de suor mágico – criadora cair como um orvalho no jardim do meu palco. Desconstruo, destruo, componho e sou. O mais importante é ser, não o estar. O universal sou eu, está em mim. Agora não está mais, sou volátil. Aversivo ser expressivo, um subversivo ativo, ainda na contramão do passado. O processo é um progresso. O Teatro era, vai ser. O Teatro É. Celebramos a Vida e o Ser. Ainda não somos, existimos e insistimos para sermos. Não mudaremos a vida, o mundo, o Teatro... O Teatro que É, mostra como o mundo funciona, como você quer que ele funcione? Você que deve ser. O que você É? O que É o que É? O caos da vida originando uma linguagem desordenadamente organizada. Terror que acalma a alma. A nova forma sem formatos, a busca incessante de identidade. Estilo estilizado? Identidade etérea, heterogênea e contemporânea. O eu – vocêuniversal, plural e simples. Um escuro esclarecido, universo ainda não visitado.Somos alienígenas não alienados. O Teatro onde o proibido é proibir. Uma nova proposta que É. Simplesmente É. O Teatro É. O environment e a persona se modificam, e miscigenados vão se modificando. O ar do nosso Teatro não é condicionado. O Teatro avesso, averso ao estar da sua sala de “Star”. Esta É uma critica. Uma crítica desconstrutiva, Uma crítica que É. Eterna descoberta produzida pelo laboratório de pesquisa do Teatro que É. O ser. Reprodução assexuada da vida humana. Eis o Teatro que É!

quinta-feira, 18 de março de 2010

BR 116



Ontem fui assistir o terceiro espetáculo da Alysson Amâncio Cia. de Dança dentro da programação do IV Festival BNB das Artes Cênicas.

Os caminhos geográficos e humanos, os sentidos, os desejos, as frustrações, os anseios, as lutas, as buscas... Estradas de encontros e desencontros. A geografia humana e física construindo itinerários...

A toda a Cia. parabéns! A dança do cariri eleva-se com o sólido trabalho que vocês estão desenvolvendo!

A coreografica final é desenhada ao som de Vanessa da Mata, poesia da música para o corpo...

Onde Ir


Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem (não vem)

Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem (não vem)

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Cada um sabe dos gostos que tem
Suas escolhas, suas curas
Seus jardins
De que adianta a espera de alguém?
O mundo todo reside
Dentro, em mim

Cada um pode com a força que tem
Na leveza e na doçura
De ser feliz.

terça-feira, 16 de março de 2010

Concerto de Espinho e Fulô


Cia. do Tijolo / São Paulo

Assisti duas sessões deste espetáculo em sua passagem pelo cariri... Duas lindas apresentações!

A poesia de Patativa representada com uma verdade cênica encantadora... da primeira vez que assisti fui anotando o que me chamava atenção:

Lousa, figurino inicial básico, a marginalidade da historia do Beato Zé Lourenço, musicalidade, lanternas, partitura dos atores plantando (patativa na roça), óculos ray ban, 18h Ave Maria do Sertão, viagem de São Paulo – Fortaleza -Juazeiro "que beleza", meta teatro, antropologia, etnografia, a pesquisa da obra de Patativa do Assaré, Cante lá que eu canto cá, a poesia costurando o drama, "para falar do sertão não precisa nele morar", poema de 7 faces Carlos Drummond de Andrade, Atores e o poeta - o encontro, questionamento sobre a seca, a literatura regionalista: O quinze, Morte e Vida Severina, Vidas Secas - "a cachorra baleia sonha...", - "dentro de mim quando é que vai chover...", A Morte de Nanã - linda cena, belo poema!, a representação de personagens típicos do nordeste - " a medeia do sertão", o repente, Nordeste independente, muitos risos com a passagem das placas indicando o 1º e 2º raud, atores dançam forro com a platéia, - "teatro sem conflito não dá", café, cajuína e cachaça para o publico, historia de vida dos atores - seus lugares de origem: Maringá, Tacaimbo, Santos... - as cidades como lugares de passagem! E no fim a história esquecida do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto... O primeiro bombardeio aéreo do Brasil... "Quem foi que falou que o Caldeirão acabou é bom avisar, Caldeirão nunca vai acabar..."

Viva Patativa do Assaré...
Salve, salve a Cia. do Feijão!

domingo, 7 de março de 2010

O Jogo das Velhas



Hoje fui ao Centro Cultural Banco do Nordeste-Cariri , assistir o espectáculo "O jogo das Velhas" da Cia. Ortaet de teatro de Iguatu,Ce dentro do IV Festival BNB das Artes Cênicas. Sou suspeitissimno em falar sobre este espetaculo pois sua direção é assinada por um irmão-amigo chamado José Filho. Mas devo aqui tecer meus impulsos.

O jogo aconteceu de forma agradavel, senti que aos poucos a plateia foi sendo conquistada, tornando-se participativa sempre que era convidada, dando a resposta positiva ao que estava recepcionando.

Uma encenaçao "clean" dar ao espetaculo leveza contribuindo para a sua comicidade. Tudo em cena é ultizado de maneira pratica, com alguns elementos resignificando-se, a exemplo das cadeiras que transformam-se em balcões.

O figurino cumpre sua função, creio que ele consegue comunicar cada personagem. A opção pelas cores preto, branco e vermelho casa com limpeza do espaço. Para mim o preto e branco me trazem a imagem de passado e presente um jogo de memorias. O vermelho remete ao pecado, os mistérios, as sombras de uma casa habitada por três velhas.

A luz consegue criar os ambientes não visíveis na cena.

O Jogo das Velhas acontece nos remetendo aos programas televisivos de fim de tarde com todo o sensacionalismo possível como "Marcia". Reflete-se como esses programas brincam com a vida das pessoas que deles participam...

O Jogo das Velhas ou o Jogo da Vida? Saí do teatro com essa interrogação, temos o direito de brincar com a vida, de torna-la joguete, de sensaciolalisar os sentimentos do homem? Questões para fletir...

sábado, 6 de março de 2010

Avental todo sujo de ovo - no mês do TEATRO!


Para quem ainda não assistiu Avental todo sujo de ovo, segundo espetaculo do repertório do Grupo Ninho de Teatro, organize a agenda e compareça no Teatro SESC Patativa do Assare nos dias 12sex, 13sab as 20h e 14dom as 17h.

Release
Há dezenove anos Alzira espera notícias do filho, Moacir, que desapareceu de casa quando ainda era uma criança.
Espera compartilhada com o marido Antero e a comadre Noélia, até a inesperada visita de Indienne.
Avental amarelo; de ovo, de arroz doce, de saudade, da mãe, do filho...
Avental todo sujo de ovo.

Texto de Marcos Barbosa
Direção Janio Tavares
Elenco Joaquina Carlos , Zizi Telecio, Edceu Barboza, Rita Cidade.

Avental todo sujo de ovo, vem conquistando ao longo de suas apresentações a aprovação do publico e critica, pela sensibilidade, pelo invisível, pela mãe, pelo pai, pela comadre, pelo Moacir... Poeticamente levados a cena.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Hoje 05 de Março


Como em quase todos os dias nada novo aconteceu...Mas a vida pulsa e isso já é o suficiente para seguir sempre...

A mesma rotina: acordar... banho...troca de roupa...ônibus Crato-Juazeiro-Barbalha... o triângulo necessário para quem reside no Crato e estuda na Escola de Artes Reitora Violeta Arraes Gervaseau - URCA.

Hoje ensaiei a adaptação do conto Além do Ponto de Caio Fernando Abreu que será apresentado no encerramento da disciplina Linguagem Corporal Vocal. Para quem tiver a fim de ler segue:

Além do Ponto
Caio Fernando Abreu

chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só levava uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia pelo meio da chuva, Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e eu pensei que seria melhor chegar molhado da chuva, porque aí beberíamos o conhaque, Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio, eu ia indo, eu ia indo e pulando as poças d’água, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele, que me abriria a porta, pois tem um ponto, em que você perde o comando das próprias pernas, eu apenas começava a saber que tem um ponto, e eu dividido querendo ver o depois do ponto e também aquele agradável dele me esperando quente e pronto. Sem nenhum espanto, porque ele me esperava, ele me chamava, eu só ia indo porque ele me chamava, eu me atrevia, eu ia além daquele ponto de estar parado, hesitava mas ia indo, no meio da cidade como um invisível fio saindo da cabeça dele até a minha, quem me via assim molhado não via nosso segredo. Era a mim que ele chamava, pelo meio da cidade, era para mim que ele abriria sua porta, chegando muito perto agora, tão perto que uma quentura me subia para o rosto, como se tivesse bebido o conhaque todo, trocaria minha roupa molhada por outra mais seca e tomaria lentamente minhas mãos entre as suas, acariciando-as devagar para aquecê-las, porque era a mim que ele escolhia, porque era para mim e só para mim que ele abriria a sua porta. Chovia sempre e eu mantido apenas por aquele fio invisível ligado à minha cabeça reaprendia e inventava sempre, sempre em direção a ele, para chegar inteiro, meu único destino: bater naquela porta escura onde eu batia agora. E bati, e bati outra vez, e tornei a bater, e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar, eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube, se é que ele o teve um dia, era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sensações: Histeria - da condição a reflexão!


Barbalha 18 de novembro de 2009, cidade pacata de ruas largas, casarões antigos. Seu corpo humano é composto por uma mistura de classes, notadamente divididas... De uma parte as tradicionais famílias que carregam, ainda, as marcas de um tempo em que o trabalho era feito por negros escravos. E a outra composta pelos que talvez descendam desses últimos que certamente edificaram a cidade, homens e mulheres simples, que ainda usam os cumprimentos cordiais de “bom dia, tarde e noite...”
Esta cidade de atmosfera tranqüila recepcionou este ano um pólo da XI Mostra SESC Cariri de Cultura em parceria com a Escola de Arte Reitora Violeta Arraes Gervaiseau da Universidade Regional do Cariri – URCA. Esta união proporcionou a população de Barbalha vivenciar durante sete dias espetáculos teatrais, exposições, oficinas e muito intercambio, inserindo esta no circuito cultural e artístico da região, já que antes da instalação da escola, não ocorria movimento parecido.
Para falar de Histeria senti a necessidade desta contextualização, pois o espetáculo foi para a cidade um grande presente cênico, com apresentações exclusivas em Barbalha, pois para que seja o mesmo realizado faz-se necessário um ambiente/cenário antigo. A saber, dois motivos levaram Histeria para esta cidade, o primeiro é que o núcleo de espetáculos que tratam da loucura estava lá instalado, o segundo, a cidade esta repleta de casarões do século XVIII, este nos deixou uma arquitetura essencial para que o espetáculo do grupo paulista XIX de Teatro realize o seu Histeria.
E foi assim, já a partir das 14 horas começam a distribuição dos ingressos, correia para uns e ansiedade para outros... Eu particularmente há algum tempo queria assisti-lo. Para os homens somente 40 assentos e para as mulheres 76 (para mim o espetáculo teve inicio com esta divisão). Por fim as 15h30 o diretor Luiz Fernando Marques pede que os homens se organizem em fila para entrar no espaço, lá chegando fomos acomodados em uma fila de banquinhos que formava uma linha reta. Isso já me chamou atenção, não seria essa linha uma espécie de condicionamento do ser masculino ao longo do espetáculo?
As atrizes já estavam compenetradas com suas personagens, casando perfeitamente com as linhas, formas, janelas, texturas, cores, arquitetura, cheiros, atmosferas do antigo casarão que já não o era mais, pois já parecia um sanatório.
E veio então em seguida o publico feminino, recepcionadas pela personagem Nini, que parecia governar tudo... Chamadas de filhas foram carinhosamente recebidas e guiadas. Já era o ano de 1897, a cidade era o Rio de Janeiro, aquelas mulheres de publico passaram a integrar o conjunto de histéricas que ali eram cuidadas. As múltiplas neuroses começam a aparecer, cada uma com suas particularidades. Tudo é muito poético e simples, recordei do professor Alysson Amacio que em sua primeira aula nos dizia que, o menos é mais, então pude perceber essa citação na pratica.
Tudo é pequeno e grande ao mesmo tempo, exatamente pela verdade com que era feito, a gestualidade simples e sem exageros revela um corpo que se utiliza do cotidiano, mas que não perde em nenhum momento a energia necessária para que o espectador não se desprenda das ações.
Ao mesmo tempo em que varias historias eram relatadas, cada uma das personagens contando suas memórias, o publico feminino ia sendo integrado cada vez mais... Em quanto que o masculino ficou totalmente isolado, assim como a mulher ao longo da historia. Ali já existia desde sempre uma reflexão acontecendo, os homens foram esquecidos, rejeitados, marginalizados, tornados invisíveis ou meros espectadores, assim como foram às mulheres tornadas passivas em suas condições, por muito tempo, por impulso do masculino.
Histeria nos faz refletir o ser mulher no contemporâneo. Mesmo que ele esteja situado lá no século XIX, vai sensivelmente, nos tocando a alma e revelando o quanto foi e ainda é difícil a condição feminina. O vazio que por vezes se fez presente na sala nos leva as lagrimas, são lagrimas de dor e revolta, o branco do figurino nos aproxima da delicadeza do ser mulher, as vozes hora fortes, depois doces nos fazem enxergar a fortaleza que é ser mulher. A loucura é apenas um desvio para falar da luta das mulheres ao longo de nossa historia.
As mulheres-atrizes Evelyn Klein, Janaina Leite, Juliana Sanches, Mara Heleno, Mariana Armellini, Sara Antunes, Raíssa Gregori e Tatiana Caltabiano, ao diretor Luiz Fernando Marques de alma feminina e a todas as mulheres que se tornaram atrizes naquele dia, muito obrigado.



“... A vida é fubá que a gente assopra e vai embora...” (Histeria)

Eu não nasci a 10 mil anos

Nasci!

Que neste mundo eu possa experimentar infinitas possibilidades...
Aqui nada é proibido!

Eu rascunharei cotidianamente minhas historias... memorias... sentimentos... pensamentos...

Eu nasci com sede de aprender, errar, reaprender, fazer, refazer...


Vamos andando... vamos criando... vamos experimentando!

Amo a possibilidade diaria de viver!

NASCI!